terça-feira, 17 de novembro de 2009

Quem foi Ian Curtis


Há 25 anos o vocalista do Joy Division morreu. A banda inglesa estava em plena ascensão e tinha sua primeira turnê norte-americana agendada. O álbum de estréia, “Unknown Pleasures” havia sido um grande sucesso na Inglaterra e o segundo álbum, “Closer”, já estava a caminho quando Ian Curtis se enforcou, aos 23 anos de idade.

O Joy Division foi, e ainda é, uma banda cultuada entre os fãs do estilo pop alternativo/gótico característico dos anos 80. Surgida em meio ao movimento pós-punk de Manchester (Inglaterra), a banda investia numa sonoridade estranha. A estréia aconteceu abrindo um show para o Buzzcocks, no final de maio de 1977, ainda com o nome de Warsaw e uma forte tendência punk.

O nome Joy Division surgiu de um livro sobre práticas sádicas nos campos de concentração alemães, intitulado “The House Of Dolls”, escrito por Karol Cetinsky. Depois de um EP e uma demo, a banda lançou o álbum “Unknown Pleasures”, gravado em apenas quatro dias e meio e lançado em junho de 1979, conquistando a Inglaterra. Os shows eram concorridos e as performances, lendárias, incluíam ataques epiléticos de Ian em pleno palco.

Ian Curtis é responsável por criar um estilo inédito na cena musical. Sua música não era divertimento, nem protesto, mas uma forma de expressar os sentimentos mais profundos e remotos do ser humano. A atmosfera obscura e o lirismo depressivo, angustiante, e por vezes decadente, firmaram a identidade da banda além de influenciar diversos artistas na década de 80.

Poeta, visionário, depressivo e epilético, Ian Curtis norteava os caminhos do Joy Division. Seu comportamento, assim como suas idéias, revelavam uma mente perturbada e aflita que criava temas sombrios e letras que revelavam seu completo desespero e solidão como é possível perceber em diversas canções como em “Interzone”: “Down the dark streets, the houses looked the same / Getting darker now, faces look the same” [Descendo ruas escuras, as casas parecem iguais / Está escurecendo agora, os rostos parecem iguais].

Ian Curtis foi encontrado morto no apartamento onde morava com Deborah, sua mulher, e sua filha de apenas 1 ano, no dia 18 de maio de 1980. No toca discos ainda rolava “The Idiot”, do Iggy Pop e, num bilhete, Ian confessava: “Neste exato momento, eu queria estar morto. Eu simplesmente não agüento mais”.

Com o fim do Joy Division, os outros integrantes, Bernard Sumner (guitarra), Peter Hook (baixo) e Stephen Morris (bateria) decidiram continuar com a música. Mudaram o nome da banda para New Order e apostaram num som um pouco mais dançante, embora a atmosfera melancólica, herança do Joy Division, tenha sido inevitável.

Um filme sobre a vida de Ian Curtis está em produção. Intitulado provisoriamente de “Control”, o filme pretende mostrar a personalidade do músico, sua genialidade, vícios e a trágica morte. Baseado na biografia “Touching From A Distance”, escrita pela viúva do músico, em 1995, com roteiro de Matt Greenhalgh e direção de Anton Corbijn (fotógrafo famoso por seu trabalho com o U2) o filme deverá estrear em 2006.

É provável que hoje, se estivesse vivo, Ian Curtis seria o tipo de artista decadente: teria passado por diversas internações de reabilitação/desintoxicação, prisões e estadias em hospitais psiquiátricos. Mas também teria deixado outros álbuns clássicos em nossas prateleiras.

Por Lizandra Pronin
publicado em
13/05/2005

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